quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Não é para meninas! -» "Outono/Inverno com Rita"

Oláá! (:

Como vos prometi, hoje irei começar com uma Rúbrica nova, que durará cerca de um mês! Clica aqui, se não te lembras, ou não sabes do que estou a falar..

Bem..
Este Inverno, de facto, não é para meninas! Exige muita personalidade!
Este é o Inverno do carisma, do magnetismo e da maioridade. No centro das atenções estão mulheres de personalidade forte, com vida para contar, mais belas do que nunca.

Desde que atravessei os trinta e cinco anos que me apetece falar menos e dizer mais. Deixei de fazer concessões e nunca parecer o que quer que seja. Hoje escolho as minhas peças de roupa e os acessórios com a pinça exigente e instintiva que elejo os meus amigos. Não há espaço para a fancaria: uma mulher não é uma rapariga, nem quer voltar a ser.
António Lobo Antunes diz que sabemos que somos crescidos quando trocamos os guardas-chuvas de chocolate por bifes tártaros, quando passamos a gostar de tomar banho e quando nos tornamos tristes. O lado bom é podermos realmente fazer o que nos apetece, e quando nos apetece (sim, é mais tarde que isso acontece, não na adolescência). Já não precisamos, nem queremos, pertencer a tribos ou a estereótipos, já não corremos atrás do hype, nem temos urgência de agradar. A melancolia a que o escritor se refere vem da intesidade que se ganha, inevitavelmente, com o passar do tempo e que a vida nos vai ensinando, que nos alarga as costas e aprofunda, em intuição e sabedoria. O carisma demora anos a construir, tem muitas camadas e não há atalhos para lá chegar. O meu amigo Rodrigo diz sempre: "as pessoas têm segredos", e temos tantos mais segredos quantas as experiências de vida. Quando entrevistei a fotógrafa Bettina Rheims, ela disse que "não há nada mais belo do que uma mulher vivida, um corpo que renasce depois de ter sido magoado, mesmo que ainda exiba nódoas negras ou feridas, como um corpo que desperta depois de ter sido amor".
Numa era dura, de austeridade económica, não temos outro remédio senão crescer e enobrecer - chegar à maturidade e aprender a utilizar o magnetismo, como defesa, mas também como arma de sedução. A Beleza mais seletiva da maioridade faz-se de definições de forma e encanto. São as mulheres maduras que admiramos, na verdade, nas artes, do cinema à literatura, mas também na política, na ciência e na vida (as mães, as tias, as avós). Mesmo a Moda, que faz um reconhecimento oculto da juventude, elege os seus itens de forma criteriosa e favorece sempre a densidade. "Pela primeira vez, a Moda é feita para mulheres com idade suficiente para a usar. Não é para os 20 anis, mas para os 30, 40 anos ou mais. Este Inverno tem peças apaixonantes. são uma celebração da independência da mulher", diz Paulo Macedo, diretor de Moda da nossa Vogue. Nuno Baltazar concorda: " Nos Anos 90, as mulheres tiveram de adotar uma postura mais masculina e a Moda acompanhou isso, com roupa mais andrógina. Nos anos 2000, voltou-se a uma mulher mais jovem, girly, ao sexy e  à feminilidade. Este Inverno assistimos a uma certa segurança que a mulher tem ganho e que lhe permite escolher opções de guarda-roupas maiores. Ela já não precisa de recolher a peças adolescentes, nem de mostrar tanto, porque sabe usar a silhueta de outra forma." Estamos mais informadas, mais conscientes do nosso potencial e das fragilidades e nuances da Moda. A coleção de Nuno Baltazar, que dedicou à  coreógrafa Pina Baush, reflete-o: "É um regresso a uma certa feminilidade perdida, não óbvia, e a uma mulher forte, mas também frágil.
 Agora valorizamos mais as peças que escolhemos, porque as escolhemos melhor. Queremos que sejam statement, mas que perdurem. Este Inverno é todo ele pensado à volta da ideia de arrojo e preciosidade, assistimos mesmo ao ressurgimento da ideia de marca e de Alta-Costura. "Quase todas as marcas estão a rejuvenescer-se com novos designers - estão a limar, as limpar e a voltar a dar. E se nos anos 90 muitos abandonaram a Alta-Costura, estão agora a regressar ou a iniciar-se", sublinha Nuno Baltazar. Repare-se na força de Armani Privé e na entrada de Dolce & Gabbana no mundo de sonho da Couture. Tudo isto tem a ver com a exigência de que já falámos: aproximamo-nos do sofisticado e exclusivo, mas também do genuíno e do original.
A Moda vive tudo isto num período de uma certa altivez e risco que pede mulheres à sua altura. Mulheres, não meninas. O universo idealizado para a próxima estação presta homenagem à opulência de brilhos e aplicações, nos dourados, brocados, veludos e transparências magníficos como os vimos em Dolce & Gabbana, nos pormenores de Alber Elbaz para a Lanvin, mas também em Balmain, Versage, Vuitton, Cavalli, Valentino, Gaultier e até na contida Marni. Um espírito barroco, megalómano até, que se aprimora nas peças feitas de penas - todas sentimos o pecado de querer aquela saia da Gucci, certo? - que Chanel ou Fendi, mas também Galliano e Ann Demeulemeester, desfilaram em glória na passerelle. De outra forma, e como é habitual em Miuccia Prada, a Prada e a Miu Miu visitaram este universo de excesso num delirante jogo de padrões, histrionicamente coloridos e cheios de efeitos ópticos que parecem saídos de uma trip de ácidos. Ao mesmo tempo que relembra o poder austero do fato masculino, realça o seu lado dandy, ousado e humorado.
Em épocas de grande austeridade, como a que vivemos, exalta-se a vontade de evasão e de ironia, de uma forma cerebral, que Prada encena tão bem, mas também no "mais é mais", nas emoções maximizadas. Assim, Marc Jacobs diverte-te com os megachapéus da sua coleção para Louis Vuitton, como quando convida a artista plástica Yayoi Kusama a mostrar o filtro alucinado com que vê a vida, numa coleção exclusica para a marca; da mesma forma que nos apetece esconder nos casacos e parkas oversized de Chloé, Celina, Jil Sandet, Stella McCartny ou Dries Van Noten. Nada é feito por menos. E tudo isto se torna mais evidente quando chegamos aos extremos do próximo Inverno, seja o romantismo ou o universo gótico. Os designers que revisitaram as flores, ou as flappers dos anos 20, fizeram-no fora da aceção de feminilidade frágil do costume. É um romantismo invernoso, um pouco dark e edgy até, mas traduzido de uma forma realista, mais criativa, em tecidos luxuosos ou pesados que, por exemplo, se suavizam num remate feito em renda. Quem não adora os bodies bordados a flores da Dolce & Gabbana? São poéticos, mas têm qualquer coisa de armadura também. Além disso, o gótico quando bate na trave do politicamente correto, fá-lo com um glamournunca antes visto e trasforma o lado mais obscuro da estação num magnetismo absolutamente irresistível. Em Gucci, vimos uma heroína que podia ter sido...
Patrícia Barnabé

Sido o quê? *o* Não tive tempo para acabar, por isso, amanhã de manhã, tarei para vocês o resto deste capítulo (que é de iniciação) e também o de amanhã! (Como já tinha sido desvendado aqui, qual era o tema,  vou relembrar: é o Barroco!
Kissinhus, FloresRitocas20

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